segunda-feira, setembro 19, 2005
Como posso eu nao ter ainda falado de Sigur Rós? Esta banda islandesa acompanha-me há uns anos e é com muita dificuldade que finalmente vou escrever algo sobre eles... "Música digna de figurar na banda sonora do paraíso"... "o som dos pingos das lágrimas douradas de deus" ... todas estas metáforas não servem de nada quando tento perceber o que sinto quando ouço sigur rós. Para já, fazendo uma análise um pouco mais teorico-musical vemos uma banda que não tem uma voz mas sim mais um instrumento ... nem tão pouco tem letras (quer dizer tem mas em islandes ou uma lingua que eles inventaram: o hopelandic). Outra questão é que eles se dedicam-se muito ao exprimentalismo (e eu sem experiências não consigo viver), por exemplo usam arcos com as guitarras. São definitivamente pessoas que parecem ter já vivido 500 anos para conseguir expôr tanta força, energia e sensações numa só música.
Falando do que sinto ... A música de Sigur Rós é um profundo mergulho dentro do meu âmago, um pêndulo entre a fantasia e a realidade e só isso para mim basta. Poderá pensar-se que gostar de uma banda faz com que obviamente nos identifiquemos com as suas ideologias. Mas neste caso, que para mim é único, nem sequer quero saber o que dizem as letras. No entanto identifico-me. Consigo ouvir a mesma música em duas situações completamente distintas e sentir sentimentos opostos. Para mim é fascinamente como com a mesma música isso é possível. E porquê? Porque ouço a música e sinto. E a música é isso mesmo... não é um show de luzes e estar na moda e ter estilo. É tão mais que isso. É ouvir e Sentir...
Tenho a sensação que não fiz a homenagem devida nem nunca o conseguirei .. é realmente, para mim, dificil explicar como e o que sinto! A verdade é que eles me dão a liberdade de sentir ... E por isso lhes agradeço.
takk sigur rós
ahh e takk a mim .. porque não sei se sabem mas eu vi a lista de concertos de sigur rós aqui há uns meses atrás e portugal nada... resolvi empenhar-me e mandei-lhes um email.. resta saber se foi por isso.. vou acreditar que sim :)
| Não podem deixar de ver,ouvir... e sentir
p.s-dia 20 de Novembro no coliseu de lisboa | |
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não penses nesta palavra
alalia
do Gr. a, priv. + lalia, fala
s. f., Med.,
paralisia dos órgãos da fala;
mutismo acidental.
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não penses nesta letra
Hereditário - Sam the kid
Não sei se sou um plano ou um acidente com tesão,
Originado com paixão ou com sexo pós discussão,
Na raiz urbanizada na calçada e no alcatrão,
Não te esqueças de onde vens ou és esquecido então,
Eu só ponho uma questão, qual é a razão da minha
origem,
Não te fies na virgem, porque elas fingem e não
dizem,
E caso case ainda te acusam do que trazem,
O ladrão da paz e harmonia fácil empatia,
Com a máxima ironia, omitindo medos,
Paredes têm ouvidos construídos para segredos,
Quando é que tu desabafas?
Depois de 3 garrafas de vinho, ou 20 palavras que eu
não adivinho,
Enquanto a dor ecoa, habituado a que ela doa,
Porque quem amamos mais é quem nos mais magoa,
Ah! Amar e amar, há ir e nunca mais voltar,
Ao lar doce lar até que a morte ou uma traição
separe,
Mentiras omitidas é estranho é quando ocultam cenas,
A paz é singular ou há discussões às dezenas,
Sem qualquer motivo o final nunca é conclusivo,
Apenas um alivio assinado num livro, de onde eu
derivo,
Agora mais vivo, tornei-me no que eu sou,
Dou e recebo e se eu bebo bué é porque saio ao meu
avô,
É hereditário fluxo sanguinário que se transmite,
Ele sai a quem, feio ou bonito podes dar um palpite
que eu não me irrito,
Espaços da casa não ocupados trazem saudades e pensar
nisso é que eu evito,
Eu divido o tempo, na TV noutro evento,
Para não pensar em ti e fazer passar a dor como um
dente,
E toda a gente pergunta, a quem é que ele sai? A quem
ele sai?
Sou má goela porque eu saiu ao meu pai,
E toda a gente pergunta, ele sai a quem? Sai a quem?
Se acordo tarde é porque eu saiu à minha mãe,
Mas ta-se bem não há beef nunca houve desde novo,
Sem confirmação na comunicação e sem interesse,
Na certeza do amor, com a ausência da razão que eu
desconheço,
Não me convence,
Menciono o plano, de ter o nono ano,
E eu bano o resto eu manifesto-me através do som,
Converso em verso comigo e com o beat,
Com pitt no cubículo onde fico horas sem pressas e sem
demoras eu,
Pareço um ótario operário no meu endereço,
A preço ofereço um corpo solitário preso,
Em posse duma trombose,
Super avozinha fodeu a minha Susana tu chama os
bombeiros,
Mas a vida não para e avança como ponteiros,
Eu contei os anos inteiros até à mudança,
Tolerância cancelada e descansa enfermeiros,
E os primeiros pensamentos são de assumir uma
herança,
Em criança numa casa portuguesa com certeza,
Manca-me debaixo da mesa com a mão presa à cabeça,
A pensar que não aconteça e valesse a pena a batalha,
E eu quebro a cena, tal pai tal filho, tal pai tal
falha,
Não conheço um posto para fazer um juízo,
Porque isto nunca foi penoso isto é o meu paraíso,
E eu economizo ao comunicar isto em concreto,
E eu fico indeciso se eu quero ficar vazio ou
completo,
A mim não me compete fazer a escolha,
Só escolho fragmentos de momentos duma recolha,
De sentimentos, e eu sento e minto se eu disser que
não sinto a tua falta,
Sinto a ausência duma falta de paciência que te
exalta,
Ou exaltava, porque agora silêncio é despertador,
Que desperta humor desperta a dor em mim que eu....
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